O reajuste das passagens de ônibus urbanos em 2022 poderá ser de um aumento de 50% do valor atual, conforme revela a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). A estimativa da associação é de que se nenhuma media de amparo ao setor for implementada, haverá aumento médio de R$ 2 nas tarifas cobradas pelo transporte público.
Entidade afirma que a falta de apoio governamental, em especial do Governo Federal, para minimizar prejuízos gerados pela pandemia é o principal fator responsável pelo aumento expressivo nos preços. A NTU reforça ainda que pretende implementar o aumento a partir de janeiro de 2022 em todo o Brasil.
Na Grande Fortaleza, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) reforça o posicionamento da NTU, mas não revela as perspectivas de quanto será o aumento das tarifas cobradas aos cearenses. O sindicado pontua que os reajustes são discutidos anualmente no mês de novembro e que irá se reunir com a prefeitura de Fortaleza para tratar da questão em breve.
A entidade define ainda que os pontos questionados pela NTU são "cruciais" para continuidade da oferta do serviço de transporte público e reafirma que as problemáticas diante do baixo faturamento e as consequências disso no preço das passagens "precisarão ser enfrentadas".
Caso o aumento de 50% seja repassado integralmente aos usuários do transporte público da Capital e Região metropolitana de Fortaleza, o preço da passagem subirá de R$ 3,60 para R$ 5,40.
As perdas na arrecadação devido à menor circulação de passageiros e à obrigatoriedade da manutenção total da frota são as causas do prejuízo conforme a associação.
Em decorrência do baixo faturamento e dos gastos elevados, a NTU contabiliza 52 empresas em processo de recuperação judicial ou com a prestação de serviços suspensa.
Riscos de greve de motoristas de ônibus
Com o acúmulo de prejuízos, a NTU teme que as empresas de transporte urbano não consigam atender a pressão de reajuste salarial dos colaboradores e destaca o risco de paralisação das atividades.
A associação reforça que os trabalhadores estão com a renda impactada devido à alta da inflação e prevê "forte pressão por reajustes salariais, num momento em que as empresas estão descapitalizadas e sem caixa para fazer frente às suas obrigações".
A disparada de preços dos combustíveis, em especial do óleo diesel, também agrava o faturamento do setor, que destaca ocorrência de 333 movimentos grevistas, protestos e/ou manifestações que ocasionaram a interrupção da oferta de serviços em 98 sistemas de transporte público por ônibus em todo o País entre janeiro de 2020 a setembro de 2021.
Soluções e reinvindicações propostas
A entidade estima que serão necessários R$ 1,67 bilhão por mês para fundo de apoio as empresas de transporte público. A propostas da NTU é que o Governo Federal e as administrações estaduais e municipais do País prestem auxílio aos empresários do setor para garantir a continuidade dos serviços propostos. "Essa é uma realidade da qual não se pode fugir", afirma em nota.
Entre as demais reinvindicações do setor estão:Política de preços diferenciados para os insumos do setor; Políticas de apoio e fortalecimento do transporte público por parte do governo federal, estados e municípios; Adoção de um novo marco legal para o transporte público brasileiro com modernização das leis vigentes e garantia da desoneração da folha de pagamento.