A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação (Citinova), fechou uma parceria com a organização global de saúde Vital Strategies para a construção do Mapa da Saúde Mental de Fortaleza. O Acordo de Cooperação Técnica foi assinado pelo prefeito José Sarto (PDT), pelo presidente da Citinova, Luiz Alberto Sabóia, e pela secretária adjunta da Saúde de Fortaleza, Aline Gouveia, nesta terça-feira, 7. O projeto é apoiado pelo Instituto Cactus, organização filantrópica e sem fins lucrativos que atua na área de saúde mental.O mapa servirá de modelo para outras cidades, já que a Vital Strategies manifestou o interesse de expandir a experiência para outros locais do país. A previsão é de que a Prefeitura de Fortaleza disponibilize uma plataforma digital com os dados em meados de julho de 2022.
Sarto destacou os benefícios da iniciativa, que vai orientar a formulação de políticas públicas voltadas para a saúde mental em Fortaleza. “Existe uma subnotificação preocupante, por tratarem a saúde mental como um tabu. Essa parceria vem ajudar a desenhar esse mapa de maneira inovadora, verificando como as políticas públicas podem interferir de uma forma positiva para amenizar essa problemática”, reforçou o prefeito.
A construção do mapa se dará por meio do cruzamento de dados e da criação de um indicador base, capaz de verificar os territórios de maior vulnerabilidade relacionados à saúde mental.
“Ele traz um olhar transversal, vamos construir o mapa olhando para as áreas da cidade com maior potencial problemático, levando em consideração não só os indicadores de saúde, mas urbanísticos também. Entendendo como os equipamentos públicos e o cuidado com o território se revertem na qualidade de vida das pessoas. A existência de praças, de ambientes de lazer e de cultura, tudo isso vai ser integrado aos indicadores que já temos da rede de saúde mental para montar um grande mapa georreferenciado”, ilustrou o presidente da Citinova, Luiz Alberto Sabóia.
Abordagem intersetorial -O projeto terá foco em crianças e adolescentes de 10 a 19 anos. Os resultados do monitoramento serão disponibilizados por meio de uma plataforma online contendo uma matriz com os indicadores monitorados e o índice composto.
Segundo a secretária adjunta da Saúde, Aline Gouveia, existem 23 equipamentos de saúde mental em Fortaleza, além dos 116 postos de saúde que também atendem casos da área. Com o mapa construído, a SMS poderá direcionar os serviços de saúde para os locais onde forem identificadas situações mais críticas, informou a secretária.
“Um instrumento como esse vai nos fazer enxergar além do agravo e, a partir daí, colocar os equipamentos públicos a serviço da população para ir construindo a médio e longo prazo uma boa saúde mental, evitando que crianças e adolescentes cheguem ao ponto de ter um problema de saúde mental diagnosticado”, salientou.
A Assessora Técnica em Epidemiologia e Saúde Pública da Vital Strategies, Luciana Vasconcelos Sardinha, falou da importância de priorizar essa abordagem intersetorial, trazendo uma perspectiva multidisciplinar e integral para o projeto.
“A saúde mental é uma questão de saúde pública de grande magnitude e suas consequências socioeconômicas geram impactos diretos na vida das pessoas e da sociedade. Nesse sentido, é fundamental investir em políticas, programas e ações oficiais com foco na saúde mental da população, sobretudo com relação ao público infantojuvenil. O olhar intersetorial é um grande desafio, mas é a melhor estratégia para resultados efetivos quando se trata da promoção da saúde e prevenção das doenças mentais e seus agravamentos nos territórios”, enfatizou a especialista.
Maria Fernanda Quartiero, fundadora e diretora presidente do Instituto Cactus, ressaltou a importância dessa união de esforços entre organizações e poder público, e o caráter preventivo da iniciativa, com potencial para melhorar a qualidade de vida das próximas gerações.
“Precisamos disso para qualificar o debate e criar ferramentas que apoiem políticas efetivas em saúde mental. Sem a devida atenção, o cuidado e a informação sobre o tema, assim como políticas públicas intersetoriais consistentes, os impactos das condições de saúde mental na infância e adolescência se estende tanto para o indivíduo em fases da vida adulta, quanto para famílias, comunidades, sistemas de saúde, educacional, de assistência e até mesmo no desenvolvimento econômico de um país.”
O Mapa da Saúde Mental de Fortaleza também pretende promover uma maior divulgação da importância dos impactos da saúde mental para a qualidade de vida, o bem-estar social e o desempenho na educação e no trabalho.