A pesquisa Percepções sobre estupro e aborto previsto por lei, dos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, divulgada na última segunda-feira, 9, mostra que o impacto do estupro é uma realidade próxima da população brasileira. Isso porque 52% dos entrevistados conhecem uma mulher ou menina que já foi vítima e 16% das mulheres disseram ter sofrido violência sexual.
O levantamento foi feito de formaonlineentre os dias 1º e 14 de setembro e registrou a opinião de 2 mil homens e mulheres, com 16 anos ou mais de idade, em todo o Brasil.
Entre as mulheres, 95% revelaram ter medo cotidiano de serem estupradas, sendo que 78% afirmaram ter muito medo. Entre os homens, 92% têm medo que sua filha, mãe, esposa ou namorada sejam vítimas do crime.
A pesquisa também mostra que 91% das mulheres acham que contariam para alguém se fossem vítimas de estupro e 68% contariam com certeza. Os motivos relatados que impediriam a comunicação do crime são a vergonha, o constrangimento e o medo da exposição. Na amostra, 92% das mulheres dizem que denunciariam se fossem vítimas, porém 53% dos entrevistados disseram que as vítimas não costumam denunciar.
Apenas 29% acham que a polícia está muito preparada para atender vítimas de estupro e 93% concordam que toda vítima de estupro que procurar a delegacia ou um serviço de saúde deve ser informada sobre as formas para evitar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada. Dos que conhecem uma vítima, 17% relataram que ela engravidou e em 42% desses casos a gestação foi interrompida.
Sobre casos como o da menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio e engravidou, no Espírito Santo, 94% disseram ser favoráveis à interrupção da gestação.
A pesquisa levantou também a percepção sobre as principais formas de violência sofridas pelas mulheres. Do total de entrevistados, 73% apontaram a violência doméstica, 53% o assédio sexual, 43% a desigualdade salarial entre homens e mulheres, 42% o estupro, 38% a violência física, 37% a dupla jornada de trabalho e 14% indicaram ainda o racismo como uma forma de violência sofrida pelas mulheres brasileiras.
Quando analisadas apenas as respostas das mulheres à pesquisa, o estupro é apontado por 44% e indicado como a quarta principal violência sofrida, enquanto entre os homens a indicação cai para 39%, o sexto lugar.
Para 84% dos entrevistados, a culpa é sempre do estuprador, independentemente da roupa ou do comportamento da mulher, e 59% entendem que estupro é o ato sexual sem consentimento. Do total, 94% discordam que existam mulheres que merecem ser estupradas.
Quando perguntados sobre situações específicas, 92% disseram ser estupro quando um homem obrigar uma mulher a ter uma relação sexual; 90% quando um homem faz sexo com uma mulher que está inconsciente, bêbada ou drogada; 82% quando um homem faz sexo com uma mulher com grave deficiência mental; 81% quando o marido ou parceiro obrigar sua mulher a práticas sexuais que ela não quer; 77% quando um homem faz sexo com uma menina menor de 14 anos, mesmo que ela autorize; e 65% afirmaram ser estupro quando um homem “encoxa” uma mulher ou toca o seu corpo sem sua autorização.
Sobre o isolamento social imposto por causa da pandemia da Covid-19, 81% dos entrevistados consideram que a quarentena contribui para o aumento dos estupros dentro de casa. Do total, 98% concordam que se alguém descobrir que uma menina está sendo estuprada dentro de casa, deve denunciar. Para 88%, quem presencia ou fica sabendo de um estupro e fica calado também é culpado.
O atendimento às vítimas deve oferecer atendimento psicológico segundo 89% dos entrevistados; assistência médica imediata para machucados e lesões para 84%; remédios para prevenir infecções transmitidas sexualmente, como sífilis e HIV para 83%; e 74% concordam que a vítima deve tomar rapidamente a pílula do dia seguinte para evitar uma gravidez.
Com Agência Brasil