Com a proposta de oferecer a apreciação da arte que traduz com maestria tempos nebulosos e difíceis, o Cineteatro São Luiz, equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ce) gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), traz Descartes Gadelha com o lirismo e realismo da exposição “Fé e Esperança”.
“Descartes Gadelha, munido apenas de seus pincéis, consegue com sua arte fazer vacilar a marcha pesada da sina que se abate sobre todos nós, nos últimos anos”, sintetiza Maria Inês Pinheiro Cardoso, Professora Dra. do Curso de Letras, da Universidade Federal do Ceará (UFC), convidada a escrever sobre a exposição.
Atravessada de dor, mas também de fé na espera de dias melhores, a pandemia da Covid-19 é pano de fundo para a série criada pelo artista. A exposição reúne mais de 30 quadros, pintados ao longo dos últimos dois anos, que sobrepõem memórias, sonhos e, sobretudo, a observação do real.
“Em meio aos personagens, as crianças são crianças… e brincam, os santos, santos são, e os homens e mulheres, como os outros, são sobreviventes agarrados à esperança de que a vida vencerá. A fé e a esperança são soberanas em todas as pinturas, o pintor sabe disso, cada vez que se debruça sobre o povo”, observa a professora convidada.
A obra reflete a trajetória de Descartes Gadelha, um artista septuagenário que atravessou graves problemas de saúde e se mantém vinculado intensamente à vida e à arte. Como bem descreve a professora Inês Pinheiro, “seu olhar, profunda e inquietantemente humano, enxerga claramente as injustiças sociais e elege como protagonistas de sua arte, as gentes invisíveis, a população do Brasil real que, perseverantes em meio às dificuldades, seguem suas vidas, vez por outra, lançando olhares desafiadores, como que inquirindo quem os olha, mas, jamais descuidados do seu próprio viver”.
Com curadoria de Andrezza Gadelha Sampaio, Fotógrafa e Artista Visual,a exposição “Fé e Esperança” entra em cartaz no site do Cineteatro São Luiz dia 25 de fevereiro, às 18h, na área de Exposições da Programação online do equipamento.
Sobre a exposição
Em “Fé e Esperança” o tempo atravessa a vida: O bumba-meu-boi, o Papai Noel, a Festa de Reis e o Maracatu carnavalesco vão dando conta da permanência das máscaras. Mas, o Circo, a Fé, em suas diversas manifestações, o imaginário do nosso povo, tão ligado ao Padre Cícero e a Maria, mãe e advogada dos homens, como às histórias desses nômades do cangaço, os bichos e as brincadeiras infantis dão conta de um contratempo, de um tempo imemorial e simultâneo e, por isso, impossível de medir-se pelo calendário ou relógio.
Descartes no Anuário
Obras do Descartes Gadelha estão presentes na edição 2021-2022 do Anuário do Ceará. A pintura "Conselheiro pregando serão adentro" ilustra a capa da publicação e temos, ainda, a "Anjos de Novena". Veja aqui.