De acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas nesta quinta-feira, 29, pelo Banco Central (BC), as famílias pagaram taxas de juros mais altas em março. A taxa média de juros para famílias no crédito livre chegou a 41% ao ano, aumento de 0,9 ponto percentual em relação a fevereiro. Na comparação com março de 2020, houve queda de 5,4 pontos percentuais nessa taxa.
Nas contratações com empresas, a taxa livre alcançou 13,8% ao ano em março, permanecendo estável em relação ao mês anterior. No ano, houve redução de 2,8 pontos percentuais nos juros às empresas.
De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a redução das taxas na comparação interanual, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, ainda tem efeito da política de redução da taxa básica de juros, realizada pelo BC no ano passado. Em agosto de 2020, a Selic chegou a 2% ao ano, o menor nível desde o início da série histórica do BC, em 1986.
O aumento dos juros para pessoas físicas no mês passado foi, em grande parte, influenciado pelos juros do rotativo do cartão de crédito cobrados pelos bancos, que teve alta de 8,1 pontos percentuais no mês, alcançando 334,9% ao ano. No caso do rotativo regular, quando o cliente paga pelo menos o valor mínimo da fatura, a taxa chegou a 306,2% ao ano, aumento de 11,1 pontos percentuais. Já a taxa do rotativo não regular dos clientes que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura cresceu 4,6 pontos percentuais em março em relação ao mês anterior e chegou a 356,8% ao ano.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso, no cartão parcelado, a alta foi de 0,5 ponto percentual, com a taxa de juros ficando em 167,6% ao ano.
Já a taxa do cheque especial caiu 3,9 pontos percentuais no mês, chegando a 121% ao ano em março.
Os juros do crédito pessoal consignado subiram 0,1 ponto percentual para 18,9% ao ano. Nos empréstimos não-consignados a taxa ficou em 87,3% em março, aumento de 0,9 ponto percentual em relação a fevereiro. De acordo com Fernando Rocha, o crescimento na taxa do não-consignado se deve pela maior concessão de crédito de empresas financeiras, que têm juros mais altos que os bancos.
Crédito direcionado
Essas taxas são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo, e é destinado, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
No caso do crédito direcionado, a taxa média para pessoas físicas ficou em 6,8% ao ano em março, queda de 0,1 ponto percentual. Para as empresas, a taxa caiu 0,3 ponto percentual para 8,1% ao ano em março.
Com Agência Brasil