Em meio a incertezas sobre a possibilidade do sexto ano consecutivo de estiagem no Ceará, o Governo do Estado se prepara a provável redução do nível das águas do açude Gavião. O maior volume de água que abastece a Capital passa pelo reservatório. Na última segunda-feira, 26, o governador Camilo Santana inaugurou sistema que irá garantir a coleta de água para tratamento mesmo com a oferta reduzida. O equipamento deve aumentar os custos do processo em até R$ 380 mil por mês.
O bombeamento na Estação de Tratamento (ETA) do Gavião é mantido pela gravidade. Por isso, mesmo num cenário de poucas chuvas, o açude preserva 80% da capacidade. “Se baixar o nível, vamos perder a condição de gravidade e vamos ter que bombear”, explicou Josineto Araújo, diretor de Operações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), ao jornalista Igor Cavalcante do O POVO.
Segundo ele, o sistema funcionará somente se o volume total do açude sofrer redução. Quando acionado, parte do Gavião será isolada fisicamente com barragem montada em até 48 horas. Cada uma das dez tubulações que compõem o equipamento retira água da área mais profunda e transfere para o espaço isolado. Com o isolamento, o volume da água é mantido mais alto nesta área, que fica conectada ao ponto de captação para a ETA, garantindo a pressão do bombeamento.
“Essa é uma das ações do plano (de segurança hídrica). Já fizemos o reúso de água, bateria de poços no Pecém, adutora do Maranguapinho e vamos inaugurar o reúso da água do Pacajus”, destacou o governador Camilo Santana. A obra no Gavião custou R$ 6,8 milhões e foi financiada por recursos arrecadados com a tarifa de contingência estabelecida pela Cagece.
Diversificar
Conforme o secretário dos Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira, o governo busca diversificar as fontes hídricas. Ele afirmou que o Estado tem reserva para manter o abastecimento até agosto. “Qualquer chuva que vem a mais ajuda a alongar esse prazo. Quem sabe chegar até dezembro ou janeiro do próximo ano, mas vai depender das chuvas”, apontou. De acordo com o secretário, o Estado também estuda a implantação de medidas mais “drásticas”, como racionamento para o início de fevereiro, caso as chuvas fiquem abaixo do esperado.