O desmatamento da Amazônia brasileira marcou um recorde para o mês de fevereiro, segundo mês do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, conforme dados oficiais divulgados nesta sexta-feira, 24, que contemplam pouco mais da metade do período, ainda incompleto.
O monitoramento por satélite detectou 209 km² de desmatamento na parte brasileira da maior floresta tropical do mundo, revelam dados preliminares do sistema de vigilância DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Equivalente a mais de 29.000 campos de futebol, a área inclui apenas dados até 17 de fevereiro, mas já representa um aumento em relação ao registro anterior, de 199 km² destruídos ao longo do mês de fevereiro de 2022, o último ano do governo de Jair Bolsonaro.
Em janeiro passado, o monitoramento de satélites mostrou uma queda de 61% em relação ao mesmo período de 2022, embora as organizações ambientais tivessem alertado que era prematuro falar de uma reversão da tendência, uma vez que parte da queda poderia estar relacionada a uma maior cobertura de nuvens que afetaram os cálculos.
"O aumento do desmatamento da Amazônia no DETER pode ser um reflexo da limitação na detecção no mês passado, devido à alta cobertura de nuvens. O desmatamento que estamos observando pode, então, não só contemplar o desmatamento desse mês como o desmatamento do mês passado", disse à AFP Daniel Silva, especialista em conservação da ONG WWF-Brasil.
Sob o governo de Bolsonaro, um aliado do agronegócio e negacionista das mudanças climáticas, o desmatamento médio anual na Amazônia brasileira aumentou 75,5% em relação à década anterior.
Especialistas dizem que a destruição se deve, principalmente, ao avanço de grileiros que desmatam para desenvolver atividades agrícolas e pecuárias.
Lula, de 77 anos, assumiu a Presidência pela terceira vez com a proteção da floresta como uma de suas principais bandeiras para que o Brasil deixe de ser um "pária" em questões climáticas.
O presidente de esquerda nomeou, mais uma vez, como ministra do Meio Ambiente a renomada ambientalista Marina Silva, chefe da pasta entre 2003 e 2008, quando o Brasil conseguiu reduzir significativamente o desmatamento.
Em 24 de janeiro, Silva reconheceu em uma entrevista à AFP que a realidade ambiental do Brasil é "muito pior" do que o esperado.
"Sabemos que há um empenho do novo governo para controlar o desmatamento, mas os resultados concretos devem levar um certo tempo para serem observados", acrescentou o especialista da WWF-Brasil.
AFP