Companhia Siderúrgica do Pecém realiza envio da primeira placa de aço

No total são 20 mil toneladas. Turquia e Itália são os destinos da primeira carga, que será despachada até o fim de agosto. As próximas exportações, com datas a serem definidas, serão para Europa, Ásia, África e Estados Unidos.
17:14 | 27 de jul de 2016 Autor: Joelma Leal
imagem da interna
A CSP iniciou em junho a operação do alto-forno

O despacho da primeira placa de aço comercial até o Porto do Pecém foi realizada pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). A operação efetiva desta encomenda para um dos sócios da joint-venture – Dongkuk –, totalizando 20 mil toneladas de placas de aço, terá continuidade dia 1º de agosto. O evento é considerado um marco histórico da primeira usina siderúrgica integrada do Nordeste e contou com a presença de representantes do corpo gerencial da empresa, em uma cerimônia interna.


Maior investimento privado do Brasil em andamento, US$ 5,4 bilhões, a CSP iniciou em junho a operação do alto-forno. Está localizada na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), e é formada pela brasileira Vale (50%), maior mineradora do mundo em minério de ferro, e as sul-coreanas Dongkuk (30%), maior compradora global de placas de aço, e Posco (20%), quinta maior siderúrgica do mundo e a primeira da Coreia do Sul.


Nesta primeira fase, a companhia terá capacidade para produzir até três milhões de toneladas de placas de aço por ano, gerando 2.800 empregos diretos, 1.200 terceirizados e 12 mil indiretos. O Produto Interno Bruto (PIB) industrial será incrementado em 48% e o do Ceará em 12%, a partir da operação da usina.


Embarque -  O transporte das placas ocorrerá pela CE-155, por meio de 16 carretas. O embarque via Porto do Pecém, tendo como destino a Turquia e Itália, será feito até o final da primeira quinzena de agosto. Com dimensões entre 220mm até 11.800mm, as primeiras placas de aço da CSP para exportação serão utilizadas no processo de relaminação à quente. As próximas exportações, com datas a serem definidas, serão para Europa, Ásia, África e Estados Unidos. A segunda encomenda atenderá pedido do outro sócio da CSP, no caso, a sul-coreana Posco.


Uma das mais modernas usinas siderúrgicas do Brasil e do mundo, a CSP produzirá placas de aço para geração de produtos laminados de alta qualidade para a indústria naval, de óleo & gás, automotiva e construção civil. Toda a produção, que até o momento soma 68 mil toneladas de placas de aço, será voltada para os sócios Vale, Dongkuk e Posco, que definirão os tipos de aço e as quantidades que necessitam.


A expedição das primeiras placas ocorre nesta fase de comissionamento das principais plantas da usina – coqueria, sinterização, alto-forno, aciaria e lingotamento contínuo. A CSP terá capacidade máxima de produção anual de até 3,156 milhões toneladas de aço líquido e três milhões de toneladas de placas semiacabadas.


Tecnologia de produção -  A CSP, cuja implantação teve início em 2011, adota tecnologia de ponta para a produção de aços destinados a diversas finalidades e inicia sua operação produzindo cerca de 60% de aços de baixo e médio teor de carbono e o restante distribuído entre aços HSLA, API, ultrabaixo e alto carbono. São produtos que atendem as mais rigorosas especificações do mercado mundial, como elevada tenacidade, conformabilidade, estampabilidade, soldabilidade e resistência.


A CSP afirma que produzirá toda a energia elétrica que será consumida em sua operação, por meio do reaproveitamento de 100% dos gases gerados no processo siderúrgico. O excedente de energia elétrica será comercializado no mercado nacional de energia.


Além de posição geográfica favorável à exportação, o empreendimento dispõe de condições ideais de carga e descarga de matérias-primas, a partir de infraestrutura disponibilizada pelo Governo do Estado do Ceará. A ZPE-CE foi a primeira a entrar em operação no País e, além da CSP, já funcionam na área a Vale Pecém, a White Martins e a Phoenix do Brasil.


As tecnologias empregadas pela usina são consideradas globalmente como o “estado da arte” para a produção do aço. Diversos processos implantados garantirão a produção de aço com baixo teor de enxofre e com redução de gases, principalmente de hidrogênio e nitrogênio. Como diferencial tecnológico, a siderúrgica dispõe, na aciaria, de dois convertedores LD projetados para realização do refino primário em dois estágios, processo conhecido como Duplo Vazamento, ou Optimizing Refining Process (ORP). Por meio dessa prática, é possível a produção de aços com ultrabaixo teor de fósforo, o que resulta em alta produtividade e eficiência.


Na etapa final do processamento do aço, a solidificação do aço da CSP é feita pelo Lingotamento Contínuo. Para este processo, a CSP adotou um equipamento com recursos de última geração, como o Dynamic Soft Reduction, resfriamento secundário com tecnologia 3D spray e agitador eletromagnético no molde.


Texto: Artumira Dutra/O POVO