Brasil entra na corrida para desenvolver mandioca com amido ceroso

Os custos de produção serão os mesmos da mandioca convencional e, com isso, a produção do amido waxy deve aumentar a renda dos produtores
19:12 | 26 de jan de 2018 Autor: Joelma Leal

Uma nova variedade de mandioca pode transformar o Brasil em produtor de um valioso insumo industrial e agregar muito valor à produção dessa raiz nativa. O amido ceroso, ou
waxy, é procurado pela indústria alimentícia, por ser matéria-prima para composição de pratos congelados e outros produtos. O desenvolvimento de uma mandioca cerosa, que se encontra em andamento na
Embrapa, coloca o País na vanguarda da corrida mundial para desenvolver uma mandioca
waxy
que possa ser produzida em larga escala. Até agora, nenhum país conseguiu desenvolver essa raiz.

O desafio é fazer a própria planta gerar amido diferenciado. Um avanço importante foi obtido pelo Centro Internacional para Agricultura Tropical (Ciat), sediado na Colômbia, que identificou o gene da mandioca responsável pelo amido ceroso. A Embrapa foi a única instituição brasileira que recebeu esse material e agora procura incorporar a produção do amido
waxy
a uma variedade nacional. Assim, pretende-se aliar a performance do material brasileiro, já adaptado às condições nacionais, à produção natural do amido
waxy. Os custos de produção serão os mesmos da mandioca convencional e, com isso, a produção do amido
waxy
deve aumentar a renda dos produtores.

Ao trazer naturalmente em sua composição características importantes especialmente para a indústria de alimentos, a novidade deve reduzir custos, uma vez que diminui as etapas de processamento usando o mesmo sistema de produção das variedades já conhecidas. O amido waxy é diferente do amido nativo ou comum (também conhecido por goma ou fécula) e é considerado o produto da mandioca com maior valor agregado por ser utilizado em diversos tipos de indústria.

“Amido diferenciado não significa que é melhor que outros. São produtos diferentes que têm aplicações distintas. Um é mais viscoso, o outro congela melhor, por exemplo, ou seja, aquele que se usa na indústria de papel não é usado na indústria de iogurte”, exemplifica Francisco Laranjeira, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da
Embrapa Mandioca e Fruticultura
(BA).