A infraestrutura facilita o acesso a serviços essenciais, impulsionando o crescimento econômico e promovendo a inclusão social. Neste contexto, é possível analisar os avanços, os desafios e as tendências que moldaram o Ceará em 2023.
Existem indicadores-chave que abrangem diversos setores, desde transporte e energia até telecomunicações e saneamento básico. Por meio de dados, busca-se fornecer uma visão holística das conquistas alcançadas bem como das áreas que demandam maior atenção e in- vestimento. Serve como um instrumento valioso para gestores públicos, empresários, pesquisadores e demais interessados, ao oferecer subsídios para a formulação de políticas, planejamento estratégico e tomada de decisões informadas.
Por meio desse conhecimento, espera-se contribuir para o fortalecimento e o aprimoramento contínuo da infraestrutura do Ceará, promovendo um futuro mais próspero e sustentável para todos os cearenses.
O Ceará tem uma extensa malha rodoviária que conecta diversas regiões do Estado, facilitando o transporte de mercadorias e o deslocamento de pessoas. Destaca-se a BR-116, uma das principais rodovias do País, que corta o Estado de norte a sul. O Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, é o principal terminal aéreo do Estado, conectando-o a diversos destinos nacionais e internacionais. É operado pela alemã Fraport.
Viajaram pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins 5,5 milhões de passageiros, em 2023, em 53.200 voos. Tais números refletem uma queda de 3,2% dos passageiros e de 2% dos voos em relação ao ano anterior. Destacam-se ainda o Aeroporto Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, operado pela empresa Aena, segundo maior terminal aeroportuário do Ceará; e o Aeroporto Regional de Jericoacoara, operado pela Infraero, com forte vocação para atendimento ao turismo da região.
Além disso, o Ceará conta com mais nove aeroportos regionais que contribuem para o desenvolvimento do Interior e Litoral do Estado. São eles: os aeroportos regionais de Canoa Quebrada, Sobral, Iguatu, São Benedito, Crateús, Tauá, Quixadá, Camocim e Campos Sales. Juntos, pousaram e decolaram cerca de duas mil aeronaves em 2023, transportando cerca de 4.760 passageiros.
Localizado em São Gonçalo do Amarante, o Porto do Pecém é um dos principais portos do Nordeste brasileiro e está estrategicamente posicionado para o comércio internacional. Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), foram movimentados quase 21,5 milhões de toneladas de carga bruta. Cerca de metade se refere especialmente à movimentação de minério de ferro (22,3%), ferro e aço (16,8%) e carvão mineral (10%). Cargas em contêineres representaram 29,9% da movimentação.
Por outro lado, localizado em Fortaleza, o Porto do Mucuripe desempenha um papel importante no transporte marítimo de cargas e passageiros, especialmente para o abastecimento da capital cearense.
Do total de cargas movimentadas durante o ano de 2023 no Ceará, cabe ressaltar a navegação via cabotagem, que foi responsável por 277.425 toneladas partindo do Estado e 726.388 toneladas com destino ao Estado. A navegação por cabotagem consiste na movimentação de cargas entre os portos de um mesmo país, que no Brasil representa ganhos logísticos empresariais por meio de reduções no tempo de transportes de cargas, implantações e operações de polos industriais, reduções de custos e maior capacidade de carga influenciando no aumento do emprego e da renda. O Porto do Pecém está integrado a importantes vias de transporte terrestre, facilitando o escoamento de mercadorias para o interior do Estado e para outros destinos no País.
O Porto do Pecém emergiu recentemente como um epicentro estratégico para o desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde (H2V) no Brasil. Esse porto tem atraído considerável atenção de investidores e em- presas interessadas na produção e na exportação de hidrogênio verde e seus derivados.
Com isso, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) tem empreendido significativos investimentos voltados à criação de uma infraestrutura adequada para a produção, o armazenamento e a distribuição de hidrogênio verde. Esses investimentos visam posicionar o porto como um hub logístico para o comércio internacional de H2V, aproveitando seu acesso a rotas marítimas estratégicas e sua proximidade com áreas de potencial para geração de energias renováveis.
Diversas empresas nacionais e internacionais têm demonstrado interesse no desenvolvimento de projetos relacionados ao hidrogênio verde no Porto do Pecém. O Governo do Estado do Ceará já assinou mais de 30 Memorandos de Entendimento (MOU) para produção e desenvolvi- mento de hidrogênio verde no Porto do Pecém.
Tais avanços são resultantes de um conjunto de diferenciais atípicos, destacando-se infraestrutura portuária avançada, presença de uma Zona de Processamento para Exportação (ZPE), acesso a fontes de energia renovável e localização estratégica mais próxima a grandes mercados globais. Esses fatores posicionam o porto como um catalisador chave para o crescimento e a expansão do mercado de hidrogênio verde no País.
O Ceará tem se destacado na geração de energia limpa, especialmente eólica e solar. Parques eólicos e usinas solares estão distribuídos pelo Estado, aproveitando seu potencial natural para a produção de energia renovável.
Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2023, a capacidade instalada de energia eólica ficou inalterada em 2.570 megawatts (MW) — de 98 parques eólicos —, enquanto que a solar teve um acréscimo de 544 MW em relação ao fim de 2022, totalizando 1.238 MW (de 42 fazendas solares). Em 2023, de toda a energia gerada no Ceará, 79,9% foram provenientes de parques eólicos, 17% de fazendas solares e 3,1% de centrais térmicas, isto é, 96,9% de fontes renováveis.
A distribuição de energia elétrica é realizada por concessionárias que atendem tanto áreas urbanas quanto rurais, garantindo acesso à eletricidade para a população e para o funcionamento de atividades econômicas. O acesso à água potável é uma prioridade no Ceará, com investimentos em sistemas de abastecimento que visam atender às demandas crescentes da população. Apesar dos esforços em curso, o Estado ainda enfrenta desafios no tratamento de esgoto, buscando expandir a cobertura e melhorar a qualidade dos serviços prestados.
O Cinturão Digital do Ceará (CDC) é composto de uma estrutura (backbone) de fibra ótica contendo anéis, subanéis e derivações com pontos que permitem a interconexão. A Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), do Governo do Ceará, mantém 5.800 quilômetros (km) de extensão, e outros 10.350 km são mantidos por parceiros, o que possibilita atender todos os 184 municípios do Estado.
A cobertura de telefonia móvel e fixa é abrangente no Estado, com operadoras atendendo áreas urbanas e rurais. O Ceará também tem registrado avanços na expansão da internet de alta velocidade, promovendo a inclusão digital e o acesso à informação. Dos 184 municípios do Estado, 120 já tinham infraestrutura de cobertura 5G no fim do ano de 2023. A cidade de Fortaleza é o ponto de conexão da internet de toda a América do Sul com o restante do mundo. São dez cabos submarinos conectando o continente ao mundo.
Em termos de mobilidade pública, os principais centros urbanos contam com sistemas de transporte público. O Ceará tem avançado significativamente na melhoria e na expansão de sua infraestrutura, buscando acompanhar o ritmo de crescimento econômico e populacional.
No entanto, ainda há desafios a serem superados, como a ampliação da cobertura de saneamento básico e a modernização contínua dos sistemas de transporte e energia.
MAPA CINTURÃO DIGITAL DO CEARÁ
A Transnordestina Logística S.A. (TLSA) assinou contrato das obras de infraestrutura dos lotes 4 e 5 da ferrovia, entre os municípios cearenses de Acopiara e Quixeramobim, em janeiro de 2024, com a empresa cearense Marquise. Ao todo, são 101 quilômetros (km) de aumento na malha ferroviária. No Ceará, terá um total de 608 km. O projeto é estratégico para conectar o País em direção ao Porto do Pecém.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT ) fiscaliza as etapas de execução do projeto. Os serviços nos lotes 4 e 5 incluem cinco milhões de metros cúbicos (m²) de movimento de terra, 11 viadutos, cinco pontes e todo o sistema de drenagem, além das camadas de sublastro do corpo da ferrovia.
O ano de 2024 foi aberto com cerca de 70% da fase 1 do projeto concluída. Para chegar aos 100%, falta a conexão do sertão do Piauí, a partir do município de Eliseu Martins, com o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), no Ceará. Pelo cronograma, a conclusão será até 2027. Isto é necessário para o início da operação da ferrovia. Ao todo, a extensão é de 1.206 km. A fase 2, segundo cronograma aprovado, deve ser concluída até 2029.
Para o Ceará, a Transnordestina planeja operar três terminais de carga. Deve abranger também a bacia leiteira e pequenos e médios agricultores da região. A localização de um terminal voltado para grãos está prevista para ficar entre Iguatu (no Centro-Sul) e Quixadá (no Sertão Central). Os outros dois, destinados a combustíveis e fertilizantes, não tinham localização definida até o fechamento desta edição.
A ferrovia foi desenhada para ser um marco no escoamento de produtos da região do chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), diminuindo o custo logístico e tornando os produtos mais competitivos no mercado internacional.
O projeto conta com o suporte do Governo Federal, dos governos do Ceará e do Piauí bem como recursos das bancadas no Senado Federal e na Câmara dos Deputados. O projeto mobiliza o Ministério dos Transportes (MTR), Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), Casa Civil, Tribunal de Contas da União (TCU) e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Em abril de 2004, o Ministério dos Transportes publicou edital para a contratação de empresa para elaboração do projeto básico/executivo de engenharia e implantação da ferrovia em trecho de 520 km entre Salgueiro-Suape (PE). O trecho inicialmente será financiado pela União, por meio de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O investimento total para a construção do trecho está orçado em R$ 450 milhões. A expectativa era de que a ordem de serviço para a obra fosse assinada até o dia 30 de setembro de 2024.
A rede de atendimento de transporte de passageiros sobre trilhos cresceu 4,1 quilômetros (km) em 2023. E concentrados na expansão do metrô de Salvador e do trem de Natal. A malha operacional do Brasil soma 1.133,4 km. Os dados estão no Balanço do Setor Metroferroviário de Passageiros 2023 da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).
Na agenda nacional entra o Ceará. O setor conta com o avançar das obras da Linha Leste do Metrô de Fortaleza (Metrofor) e com a implantação do ramal aeroporto do VLT Parangaba-Mucuripe (Linha Nordeste), prevista para ficar pronta ainda em 2024.
Quanto à Linha Leste do metrô de Fortaleza, o Governo do Estado tem quatro tuneladoras adquiridas para perfurar os túneis. O percurso atravessa uma região bastante adensada, com intenso fluxo de veículos, e deverá gerar alívio no tráfego. Duas tuneladoras, popularmente conhecidas como “tatuzões”, até o fechamento desta edição, estavam guardadas à espera de repasses do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para serem viabilizadas.
Outras duas tuneladoras tiveram contrato de manutenção assinado no fim de 2023 e estavam previstas para entrar novamente em uso até o fim do primeiro semestre de 2024. Para a manutenção das tuneladoras foram destinados R$ 76 milhões.
As máquinas haviam perfurado apenas 1,8 km dos 7,4 km previstos no projeto, que é tocado pelo atual consórcio, FTS, desde outubro de 2023. A conclusão da obra tem caixa garantido para ocorrer no primeiro trimestre de 2027. Há ainda a perspectiva de que o Estado pague R$ 1,4 bilhão para conclusão do que falta. Em 2024, são quatro frentes de serviço em andamento: nas estações Chico da Silva, Colégio Militar, Nunes Valente e Papicu.
O mais recente Balanço Socioambiental do Metrofor revelou que as operações da empresa, em Fortaleza e cidades vizinhas, no ano de 2023, resultaram em um impacto na economia do Estado de mais de R$ 149 milhões. Esse valor corresponde a 80,7% dos subsídios financeiros recebidos pela empresa para a prestação do serviço de transporte público sobre trilhos.
O valor apontado no balanço corresponde à soma de todos os benefícios sociais, quantificados e valorados, conforme índices universais estatísticos, aplicados pela região de incidência, caso todos os 15,1 milhões de deslocamentos realizados pelo Metrofor na Região Metropolitana de Fortaleza tivessem sido realizados por outros modais de transporte, tais como carros, ônibus e motos.
O QUE DEVE SER ENTREGUE ATÉ 2027
■ Estação Central;
■ Estação Catedral;
■ Estação Colégio Militar;
■ Estação Luiza Távora;
■ Estação Nunes Valente;
■ Estação Leonardo Mota;
■ Estação Papicu.
O QUE PODE FICAR PARA UMA SEGUNDA FASE DO PROJETO
■ Estação Hospital Geral de Fortaleza (HGF);
■ Estação Cidade 2000;
■ Estação Bárbara de Alencar;
■ Estação Centro de Eventos do Ceará;
■ Estação Edson Queiroz.