O hidrogênio é considerado um combustível universal que pode ser obtido utilizando energia renovável — a energia vem de recursos naturais que são naturalmente reabastecidos, como o vento, a chuva, o sol, as marés e a energia geotérmica. No Ceará, há exemplos do uso de energias renováveis como a eólica e a solar/fotovoltaica, fontes abundantes no Estado.
O hidrogênio em sua versão "verde" é gerado no processo de separação da molécula de H2 da molécula de oxigênio existente na água (H2O), por meio de um processo químico conhecido como eletrólise.
Uma das exigências do Acordo de Paris – tratado internacional que visa combater as mudanças climáticas causadas pelo ser humano – prevê a redução da emissão de gases poluentes no meio ambiente por parte das nações que assinaram o acordo. Atualmente, Atualmente, 196 países fazem parte do Acordo de Paris
Em fevereiro de 2021, foi lançado no Ceará o hub de hidrogênio verde (H2V), o qual pretende transformar o Estado em um fornecedor global desse combustível sustentável e contribuir para a descarbonização do planeta.
O hub foi instalado pelo Complexo do Pecém, pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com memorando de entendimento assinado com a empresa australiana Energyx Energy, para a construção de uma usina do combustível no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
A previsão era que, entre 2022 e 2023, fossem aportados US$ 5,4 bilhões no projeto pela Energyx Energy. Também foi criado um Grupo de Trabalho para conduzir a implantação do hub no Estado.
Em maio de 2023, o Governo do Estado do Ceará assinou acordos para a criação do Corredor de Hidrogênio Verde, entre o Porto do Pecém e o Porto de Roterdã, e da Parceria de Portos Verdes, entre o Ceará e os Países Baixos.
Os investimentos são estimados em US$ 8 bilhões. Além disso, o Porto do Pecém deve investir R$ 2,2 bilhões para dotar o terminal de infraestrutura capaz de abrigar os projetos. A criação do corredor foi assinada por: Cipp, AES Brasil, Casa dos Ventos, Nexway, Havenbedrijf Rotterdam, Fortescue e EDP.
A infraestrutura portuária do Ceará é um dos fatores que favorecem o desenvolvimento da cadeia de produção, distribuição, armazenagem e transporte do hidrogênio verde. O Complexo do Pecém possui a única Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em operação no Brasil.
Empresas instaladas na ZPE têm isenções e reduções de tributos estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e suspensão de tributos federais, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Programa de Integração Social (PIS)/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep).
A ArcelorMittal comprou a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) por US$ 2,2 bilhões. Com a aquisição, a CSP passou a se chamar ArcelorMittal Pecém. O primeiro anúncio da compra foi divulgado em julho de 2022, e a conclusão da aquisição foi confirmada em março de 2023.
Sobre as metas de zerar as emissões de carbono até 2050 adotadas por todo o grupo, o CEO Erick Torres diz considerar que a transição energética da planta cearense deve passar pelo gás natural antes de adotar o hidrogênio, especialmente, o verde.
“A ArcelorMittal tem um compromisso de sustentabilidade, e a gente se comprometeu a, até
2050, atingir a neutralidade nas emissões de carbono. Para fazer isso, algumas ações vêm acontecendo e estudos estão sendo adotados. Existem várias oportunidades para que a neutralidade seja atingida. Uma delas é o hidrogênio”, afirmou em entrevista ao O POVO.
“Para ter essa produção de combustível, precisamos de eletrólise, e nesse processo precisamos de muita energia limpa, renovável. É aí que está o momento que chegamos ao Ceará, que tem uma região de compromisso muito forte. Estamos estudando continuar e avançar nessa linha para vincular as oportunidades, como o Aditya Mittal menciona, no Estado no qual estamos presentes”, disse Erick.