O Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) iniciará nesta segunda-feira, no dia 18 de abril, as atividades de campo de uma robusta pesquisa que irá avaliar o impacto das mudanças climáticasna costa de parte do Nordeste, incluindo todo o litoral do Ceará. Ligados ao Programa Ecológico de Longa Duração (PELD), os estudos preveem uma série de levantamentos e acompanhamentos a ser realizada pelos próximos três anos.
O programa prevê levantamentos em toda a chamada costa semiárida do Brasil, que se inicia na Ponta dos Mangues Secos, no Maranhão, e se estende até o Cabo do Calcanhar, no Rio Grande do Norte. Esse território inclui todo o litoral do Piauí e do Ceará. Segundo os pesquisadores, trata-se de uma região onde é encontrado um conjunto único de paisagens tropicais e comunidades humanas tradicionais, como pescadores e marisqueiras.
A área engloba diversos ecossistemas sob forte efeito das mudanças ambientais globais, como estuários, faixas de praia, pradarias marinhas, dunas, barras arenosas, tabuleiros pré-litorâneos, recifes tropicais, bancos areno-lamosos e manguezais. Apesar de sua alta importância social, econômica e ecológica, essa região ainda não possuía, até o momento, nenhum programa ecológico de longa duração financiado por órgão de pesquisa federal ou órgãos estaduais.
O programa pretende analisar como a semiaridez nos ambientes costeiros afeta ossistemas socioambientais, dos micro-organismos ao homem. Isso será feito a partir do estudo das relações entre a biota (conjunto de todos seres vivos de determinado ambiente) e a dinâmica ambiental de curto, médio e longo prazos, relacionada a fenômenos climáticos globais e causados pelo homem.
A expectativa é que os dados científicos gerados com essa pesquisa possam ajudar a predizer os efeitos das mudanças ambientais nessas localidades, auxiliando na gestão de unidades de conservação, além de contribuir para um projeto de popularização e divulgação científica em uma das regiões mais pobres e desiguais do Brasil.
A equipe do PELD é interdisciplinar e multi-institucional, formada pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará (Sema), pela organização não governamental Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) e por universidades nacionais e internacionais. Além da UFC, estão envolvidas no projeto as Universidades Federais do Delta do Parnaíba (UFDPAR) e Rural do Semiárido (UFERSA), e a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Participam ainda centros de pesquisa de universidades da Itália, Espanha, República Checa e Arábia Saudita, assim como a rede internacional de pesquisadores Mangrove Microbiome Initiative (MMI).
O financiamento é do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).